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terça-feira, 29 de outubro de 2013

Humanos divinizados — parte 2

No texto anterior mencionei que o culto a imagens é o ponto nevrálgico de fé, apontando que há um grupo de fieis que o aceita e outro que o rejeita; referi ainda, textos de Deuteronômio 4 pelos quais, segundo minha interpretação, o Senhor Deus proíbe a veneração, adoração de imagens. Prosseguindo nessas reflexões, pretendo tratar da imagem de Deus, segundo a Bíblia, a começar do princípio.

 O Livro de Gênesis, escrito por Moisés durante os 40 anos de peregrinação do povo hebreu pelo deserto, conta a origem do mundo; e, em relação à criação do homem, consta assim: "E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou" (1:27). Por que Moisés escreveu que o homem foi criado à imagem de Deus? Foi, dentre outras razões, para distinguir Deus dos "deuses" de outros povos. 

A imagem de Deus seria refletida na terra em cada um dos seres humanos vivos. Já os povos politeístas fabricavam - e ainda fabricam - seus "deuses" nas mais variadas formas, desde minotauro (metade homem, metade boi) a seres alados (homem/mulher com asas), além de inúmeros "astro-deuses" com "poderes" sobre a natureza. Era - e é - em entidades tais, representadas em imagens feitas por artífices (marceneiros, ourives), que as pessoas depositavam suas esperanças, frustrações e conforto, e a quem dedicavam oferendas, sacrifícios (inclusive de crianças) e orações e procissões. 

Na contramão dos povos politeístas, os hebreus adoravam um único Deus: O Criador dos céus, da terra e de tudo que existe, e nunca Lhe fabricaram uma única estátua em Sua homenagem (e veja que para eles seria fácil construir imagens de Deus, pois, sabedores que o homem é imagem de Deus, bastava pegar alguns para "modelos" do Criador). E nunca fizeram isso em obediência ao Segundo Mandamento, que diz: "Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos" (Êxodo 20:4-6).

Ora, do ponto de vista bíblico, é Deus quem faz imagens vivas de Si mesmo, e o faz em cada ser humano, a partir do primeiro casal. Ao menos esse era o "projeto original". Entretanto, as duas primeiras imagens de Deus na terra (Adão e Eva)  corromperam-se com o pecado e, em consequência, a humanidade perdeu a imagem do Criador, e também Sua semelhança. Depois disso, separado do único Deus o homem, para saciar seu vazio, passou a fabricar seus próprios "deuses" e a representá-los em estátuas de ouro, prata, pedra, madeira e outros materiais, que nada veem, nada ouvem, não cheiram e nem falam (Salmo 113:12-15, Ave). Honras e glórias a Jesus Cristo, e críticas a mim. 

Antônio Marcos Penna Borges, cristão.

(Publicado na edição 363, ano 09, de 25 a 29-10-2013, do Jornal Folha do Iguaçu, página 4).

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Humanos divinizados — parte 1

Numa área "de baixa profundidade, não havia vento forte e o tempo era estável" (Capitania dos Portos de Macapá-AP), pelos menos 17 pessoas morreram afogadas em acidente durante a procissão fluvial do Círio de Nazaré na manhã de sábado, 12-10-2013, com um dos 38 barcos que saíram da cidade de Santana-AP em direção à capital, Macapá, por volta das 7h30, em um percurso de cerca de 20 quilômetros. Durante a procissão os fieis levavam uma imagem do que eles aprenderam a denominar de "Nossa Senhora de Nazaré". 

Culto a imagens: eis o ponto nevrálgico de fé. Para um grupo de fieis constitui veneração (o mesmo que adoração, segundo o dicionário) a personalidades humanas que foram "divinizadas" após a morte, por decretos religiosos; para outro grupo, representa culto a demônios. O tema encerra grandes volumes doutrinários pró e contra, todos apoiados em interpretações das Sagradas Escrituras. Partindo-se do princípio que a Bíblia não contém erros, deduz-se, sem maiores esforços, que um dos dois grupos a interpreta mal e, consequentemente, a pratica de forma errada, contrária à vontade de Deus.

Quem já leu a Bíblia (e eu acredito que você, leitor, já fez isso – até porque o tempo de proibição há muito que acabou, graças a Deus!), percebeu que, sim, Deus mandou construir certas imagens (de querubins, de serpente, de palmeiras). Leitor, preste atenção no verbo: Deus mandou construir algumas estátuas, que serviram ora de adorno, enfeite, ora para representar algo existente no mundo espiritual. Porém, o Senhor jamais mandou que se prestasse culto, adoração, veneração a tais imagens; pelo contrário, Ele proibiu essas práticas, inclusive com pena de destruir os desobedientes. Ao menos essa é a minha interpretação de todos os textos bíblicos, em seus exatos contextos gramaticais, históricos e culturais, que mencionam estátuas, imagens ou figuras, como estes, p.ex, do cap. 4 de Deuteronômio:

"Então o SENHOR vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes figura alguma. Então vos anunciou ele a sua aliança que vos ordenou cumprir, os dez mandamentos, ..." (12-13); "Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o SENHOR, em Horebe, falou convosco do meio do fogo; Para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher" (15-16).

"Guardai-vos e não vos esqueçais da aliança do SENHOR vosso Deus, que tem feito convosco, e não façais para vós escultura alguma, imagem de alguma coisa que o SENHOR vosso Deus vos proibiu. Quando, pois, (...) vos corromperdes, e fizerdes alguma escultura, semelhança de alguma coisa, e fizerdes o que é mau aos olhos do SENHOR teu Deus, para o provocar à ira, (...) certamente logo perecereis da terra, (...). E o SENHOR vos espalhará entre os povos, (...). E ali servireis a deuses que são obra de mãos de homens, madeira e pedra, que não vêem, nem ouvem, nem comem, nem cheiram" (23, 25-28). 

Na próxima sexta-feira, querendo Deus, continuaremos. Honras e glórias a Jesus Cristo, e críticas a mim. 

Antônio Marcos Penna Borges, cristão. 

(Publicado na edição 361, ano 09, de 18 a 22-10-2013, do Jornal Folha do Iguaçu, página 11).

sábado, 12 de outubro de 2013

Eis aí tua mãe (João 19:27)

Pouco antes de morrer na cruz, disse Jesus à Maria, sua mãe, que João era "filho" dela (na realidade, João era amigo da família); e, depois, falou a João: "Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa." Por que Jesus disse essas palavras? Qual era sua verdadeira intenção? Será que foi, de fato, para determinar Maria como mãe dos cristãos? Vejamos à luz da Bíblia Sagrada.

Já referimos em textos anteriores que a Bíblia é produto judeu e por isso precisa ser interpretada sob a cultura judaica, para se evitar doutrinas distorcidas da vontade de Deus. Nesse compasso, sabemos que Jesus foi o filho primogênito de Maria, vez que José "não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus" (Mateus 1:25). Em outras palavras, esse versículo explica que José não teve relações sexuais com Maria até o nascimento de Jesus, o filho primogênito. Depois disso, o casal José e Maria passou a viver exatamente como viviam os demais casais judeus daquela época: e tiveram outros filhos ("Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem falar-te"), conforme Mateus 12:47; Lucas 8:20; Marcos 3:32, salientando que nesses textos, escritos em grego, consta a palavra "filhos", e não "primos".

Logo, como primogênito, Jesus era o filho mais velho dentre os filhos de José e Maria. Na cultura judaica cabia ao pai o cuidar da família, e na falta do pai o cuidado passava para o filho mais velho, até os demais irmãos tornarem-se adultos. Então, Jesus, sendo o filho mais velho, era ele que cuidava de sua família e, por conseguinte, de sua mãe, já viúva. Agora, na falta do filho mais velho (primogênito), a mãe viúva ficaria sob os cuidados da pessoa indicada pelo filho mais velho, que poderia ser um dos outros filhos ou até mesmo alguém de fora, porém próximo da família.

Conclui-se, desse modo, que Jesus, antes de morrer, simplesmente cumpriu com o seu dever de filho mais velho de deixar sua mãe sob a proteção de alguém próximo da família que, no caso, era o discípulo João, o único que estava aos pés da cruz consolando Maria. Assim, não houve dúvidas em Jesus que Maria estaria bem segura com João, tanto que esse logo a levou para sua casa.

No mais, tem-se por absoluto que o Novo Testamento, escrito todo em grego, língua rica em palavras e definições, não fixa como regra que os cristãos primitivo prestavam qualquer reverência à Maria, mesmo quando viva ou mesmo depois de sua morte (os primeiros cristão e mesmo os cristãos posteriores não criam em Maria como "Mãe de Deus", dogma tardio introduzido no ano de 431 dC, no Concílio de Éfeso; como também não criam na assunção de Maria, dogma esse introduzido há bem pouco tempo, no ano de 1950 por Pio XII). Honras e glórias a Jesus Cristo, e críticas a mim.

Antônio Marcos Penna Borges, cristão.

sábado, 5 de outubro de 2013

"Quem crer e for batizado será salvo" (Marcos 16:16)

Existe um certo misticismo e enorme debate teológico acerca do batismo cristão. Ele está envolto em questões do tipo: é de origem judaica ou divina? Batizam-se crianças? Existe idade mínima para ser batizado? A pessoa é salva pelo batismo? Quem não é batizado é pagão? O que é ser pagão? O batismo deve ser por imersão, aspersão ou derramamento de água?

Ressalta-me a questão que afirma que "quem não é batizado é pagão", justamente porque provém de um dos sistemas religiosos que mais adota o paganismo em suas liturgias (entendendo paganismo como doutrinas religiosas diversas da Sã Doutrina ensinada e praticada pelos primeiros cristãos, conforme relatado na Bíblia). Para mim é contraditório um sistema religioso pagão afirmar que é pagã a pessoa não batizada. Porém a lógica, aqui, está em se entender como pagã a pessoa não batizada naquela religião, vez que é pelo batismo que a pessoa é inserida nele, de modo que sem ser batizada a pessoa não faz parte daquela igreja.

De outro lado, há sentido na expressão "sem ser batizada a pessoa não faz parte da igreja", quando estiver diretamente relacionada com o sentido correto do que é batismo: ato público pelo qual uma pessoa revela o consentimento interior à certa doutrina, ideologia, filosofia, profissão etc.. Normalmente o batismo finaliza um período de estudos sobre determinada disciplina, e pode ocorrer de diversas formas, conforme seja o tipo de estudos finalizados. Por exemplo, o batismo que encerra um curso acadêmico se dá na forma de "formatura". A "formatura" é, por assim dizer, uma espécie de batismo pelo qual o formando revela ao público que estudou e aprendeu o que lhe foi ensinado ao longo do curso que está concluindo.

Então, para se "formar" cristã a pessoa necessariamente precisa estudar e, principalmente, aprender sobre a Sã Doutrina Cristã, crer nela, para, finalmente, ser batizada, revelando ao público, por meio de um ato realizado em águas, que creu em Jesus Cristo e, por isso, se converteu a Ele, aceitando-O como único e suficiente Salvador de sua alma, Senhor de sua vida e único intercessor entre si e Deus nos Céus. É assim que a Bíblia ensina.

Eis o porquê Jesus sentenciou, pouco antes de ascender aos Céus, que "Quem crer e for batizado será salvo: mas quem não crer será condenado" (Marcos 16:16). É que o "crer" antecede o batismo. Primeiro, a pessoa aprende sobre Jesus e sua doutrina e, depois, se ela crer no que aprendeu, recebe o batismo; e se não crer, desiste e não é batizada. Simples assim! Honras e glórias a Jesus Cristo, e críticas a mim.

Antônio Marcos Penna Borges, cristão.

(Publicado na edição 358, ano 09, de 04 a 08-10-2013, do Jornal Folha do Iguaçu, página 4).